Prevenção do Monopólio – Luta Contra o Acordo Capri da Tapestry

Prevenção do Monopólio – Luta Contra o Acordo Capri da Tapestry. História de Eleonora de Gray, Editora-Chefe da RUNWAY REVISTA.

A recente aquisição da Capri Holdings pela Tapestry, Inc., um grande evento na indústria da moda, enfrentou um desafio legal do Comissão Federal de Comércio dos EUA (FTC), levantando preocupações sobre sua legitimidade. Em agosto 2023, Tapestry, conhecida por possuir marcas como Coach, Kate Spade e Stuart Weitzman, anunciou planos de comprar a Capri Holdings, empresa controladora de Michael Kors, Versace e Jimmy Choo, em uma transação avaliada em US$ 8.5 bilhões. Esse movimento teve como objetivo criar uma potência global de luxo ao consolidar essas grandes marcas de moda sob o mesmo teto.

No entanto, a FTC apresentou uma queixa formal em abril 2024 contra essa transação, argumentando que ela poderia prejudicar a concorrência, particularmente no mercado de bolsas de “luxo acessível”, que inclui marcas populares como Coach, Kate Spade e Michael Kors. A Comissão está preocupada que, ao se fundir, a Tapestry e a Capri possam ganhar muito controle sobre o mercado, o que pode levar a preços mais altos, menos opções e inovação reduzida para os consumidores.

Queixa federal contra Michael Kors, Versace, Jimmy Choo, Coach

O termo “luxo acessível” se refere a produtos de alta qualidade com preços mais acessíveis do que itens de luxo tradicionais, como os de marcas como Louis Vuitton ou Chanel. Esta categoria é importante porque atrai consumidores de classe média e trabalhadora que buscam luxo, mas a preços mais acessíveis. As marcas Tapestry e Capri dominam este espaço, competindo ferozmente entre si. Por exemplo, Coach, Kate Spade e Michael Kors são os principais participantes no segmento de bolsas deste mercado.

A FTC acredita que a fusão reduziria a competição entre essas marcas, o que historicamente impulsionou a inovação, preços competitivos e benefícios ao consumidor. Em particular, a FTC argumenta que, sem essa competição, a empresa combinada poderia reduzir descontos, aumentar preços e oferecer menos opções. A preocupação vai além dos preços, pois a fusão poderia sufocar a criatividade e reduzir a variedade de designs e produtos disponíveis aos consumidores.

Um dos principais pontos levantados pela FTC é que a entidade combinada deteria uma fatia esmagadora do mercado de bolsas de “luxo acessível” nos EUA, potencialmente excedendo 30%. Esse nível de controle de mercado levanta bandeiras vermelhas sobre violações antitruste. Para evitar danos potenciais aos consumidores, a FTC entrou com um pedido de ordem de restrição temporária e uma liminar para impedir que a fusão seja finalizada enquanto o processo legal se desenrola.

Michael Kors, Versace, Jimmy Choo, Coach novo conglomerado de moda

Em resposta, a Capri Holdings e a Tapestry defenderam a fusão, argumentando que a indústria da moda é altamente competitiva e dinâmica. Elas alegam que há mais de 150 marcas que oferecem bolsas na mesma faixa de preço, proporcionando ampla concorrência para evitar qualquer monopólio. A Capri e a Tapestry enfatizam que a Michael Kors, em particular, viu um declínio nas vendas nos últimos anos, e a fusão ajudaria a revitalizar a marca ao combinar recursos e expandir seu alcance globalmente, especialmente na Europa e na Ásia. Elas também destacam que sete outros órgãos reguladores, incluindo a Comissão Europeia, revisaram a fusão e não encontraram nenhuma vantagem competitiva significativa. issues.

Além disso, a equipe jurídica de Capri argumenta que o caso da FTC é construído em uma suposição incorreta de que essas marcas são as únicas concorrentes umas das outras. Eles argumentam que o mercado de bolsas é mais amplo e inclui muitas outras marcas, de baixo custo a alto custo, como Gucci, Guess e Zara, que competem pelos mesmos consumidores. A defesa alega que o foco da FTC em uma definição de mercado restrita infla o impacto da fusão.

O caso está agora no tribunal, e uma decisão determinará se a fusão pode prosseguir ou se outras medidas precisam ser tomadas para garantir que ela não prejudique a concorrência. O resultado provavelmente terá um impacto significativo não apenas na Tapestry e na Capri, mas também no futuro cenário da indústria global de moda de luxo.

Esta batalha legal destaca como a consolidação de grandes marcas em qualquer indústria pode levantar preocupações sobre concorrência, preços e escolha do consumidor. Por enquanto, o destino da fusão Tapestry-Capri está em jogo, com o veredito final definido para moldar o futuro do mercado de luxo acessível.

Comissão Federal de Comércio dos EUA Queixa

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Algumas reflexões…

A batalha legal sobre a aquisição da Capri Holdings pela Tapestry destaca preocupações mais amplas na indústria de luxo, especialmente quando contrastada com as ações da LVMH, o maior grupo de luxo do mundo. Ao longo dos anos, a LVMH expandiu agressivamente seu portfólio. Ao contrário da tentativa de aquisição da Tapestry, esses negócios enfrentaram resistência regulatória mínima. A LVMH continua a dominar o mercado de luxo de alto padrão, frequentemente aumentando os preços e controlando segmentos-chave do mercado sem desafios significativos dos reguladores e sem consideração dos interesses dos consumidores.

A vasta escala da LVMH permitiu que ela exercesse influência significativa sobre preços, posicionamento de marca e tendências globais de luxo. Com concorrência mínima em seu nível, o grupo comanda preços mais altos, o que limita as escolhas do consumidor no segmento de luxo. Apesar disso, as aquisições da LVMH raramente provocam o mesmo escrutínio regulatório visto com concorrentes menores como a Tapestry, levantando questões sobre como as leis antitruste são aplicadas em diferentes níveis da indústria de luxo.

Essa disparidade enfatiza a necessidade de supervisão consistente de aquisições nos setores de moda e luxo, garantindo que nenhum conglomerado — seja a Tapestry ou a LVMH — possa dominar injustamente o mercado às custas dos consumidores. O resultado do caso Tapestry pode estabelecer um precedente sobre como futuras aquisições de luxo são examinadas, incluindo potenciais desafios ao crescente domínio da LVMH.



Postado de Paris, 4º Arrondissement, França.